Banco que mais lucra na Inglaterra tem mais mulheres na dire‡Æo

(Londres) Em uma escala global, o Lloyds TSB tem mais mulheres na alta administração do que a maioria dos bancos. Ele também é o banco mais rentável do Reino Unido, com 33% de lucro sobre o capital médio em 2005, segundo estatísticas da "The Banker". Estejam essas duas coisas relacionadas ou não, o fato é que no índice FTSE 100 das maiores companhias britânicas esse banco é o que tem mais mulheres em sua diretoria. Elas incluem Helen Weir, a diretora financeira, e Terri Dial, chefe de operações de varejo na Grã-Bretanha, que é responsável por cerca de 40% dos lucros líquidos do banco. Ao todo, 21% dos gerentes sêniores do Lloyds TSB e 38% de seus gerentes gerais são mulheres, algo muito fora da norma para o setor.

 

"Houve um engasgo quando eu entrei", disse Diana Brightmore-Armour, que se tornou diretora de banco corporativo do Lloyds TSB em 2004, depois de trabalhar como diretora de finanças e planejamento na Coca-Cola em Atlanta. "’Bom Deus’, eles pensaram, ‘ela é mulher, uma mãe que trabalha e vem da Coke’."

 

Essa reação silenciosa dos banqueiros homens não é rara – ou pelo menos é essa a percepção de diversas banqueiras mulheres em cargos inferiores que pediram para não ser citadas. Elas temem prejudicar suas perspectivas de progresso, segundo disseram.

 

Atualmente essas perspectivas não parecem boas. A Lehman Brothers, por exemplo, reconhece que não divulga dados sobre mulheres em altos cargos porque os números são inadequados. Essa é uma das razões por trás da abertura em outubro do Centro Lehman Brothers para Mulheres nos Negócios, conjuntamente com a Escola de Economia de Londres. O objetivo é compreender as questões envolvidas no recrutamento e manutenção de mulheres em altos cargos administrativos.

 

"Identificamos isto como uma questão séria na guerra por talentos", disse Andrew Gowers, diretor de comunicações corporativas para Europa e Ásia na Lehman Brothers. "Se as mulheres são a metade da população graduada mas os números caem na faixa média de gerência e ainda mais no topo, você está negando seu acesso a esse banco de talentos."

 

Estudos mostram que os principais empecilhos são uma mistura de preconceito de gênero, quando os homens em cargos de direção tendem a recrutar à sua imagem; a percepção de que o setor bancário não é amigável às mulheres, o que afasta potenciais candidatas; mais as dificuldades das mulheres que fizeram uma pausa na carreira, geralmente por motivos familiares, para se reinserir no mercado.

 

O segredo do Lloyds TSB, segundo Brightmore-Armour, que está um degrau abaixo do nível de conselho diretor, envolve o apoio do topo, do executivo chefe Eric Daniels e do diretor da divisão de operações no atacado e internacionais, Truett Tate. Além disso, tem a ver com recrutamento. "É uma busca afirmativa, mais que ação afirmativa", disse Brightmore-Armour. "Você tem de forçar os recrutadores, pois eles dizem que não têm mulheres em suas listas."

 

Ela aplicou essa política em Birmingham, uma cidade da Inglaterra com grande população asiática, onde o banco estava procurando recrutar uma gerente local de estratégia bancária para a Ásia. A maioria dos candidatos eram homens asiáticos, mas através de uma política ativa de pedir que os recrutadores também apresentassem mulheres, o candidato mais qualificado acabou sendo uma mulher asiática.

 

A outra área em que a política de gênero e os bancos se encontram é no acesso de mulheres executivas aos bancos. Geralmente elas usam 30% menos financiamentos bancários que seus colegas homens entre empresas novatas comparáveis, segundo Clare Logie, diretora da unidade de Mulheres nos Negócios na divisão corporativa do Banco da Escócia. Isto leva a uma percepção de preconceito de gênero – essencialmente, que os homens diretores de banco estão recusando crédito. Mas essa também é uma resposta simplista.

 

Os empecilhos, segundo Logie, incluem uma aversão das mulheres a dívidas, comparadas com os homens que dirigem empresas. "Se existem tendências particulares das mulheres, a questão é o que devemos fazer para atender à demanda?", disse Logie. Seu banco recrutou uma dúzia de "campeões" em áreas especializadas de todo o banco, como financiamento de veículos. Assim como seus empregos, esses homens e mulheres se comprometem a promover o objetivo do banco de aumentar seus lucros com empresas fundadas por mulheres.

 

Um banco que já adotou as oportunidades disponíveis no setor é o Wells Fargo, um dos maiores bancos americanos, que tem uma perícia particular com pequenas empresas. Em 2003 o banco assumiu a meta de emprestar US$ 21 bilhões até 2013 para mulheres donas de empresas. Até o final de junho deste ano ele já havia feito empréstimos no valor de US$ 26,5 bilhões para mais de 600 mil empresárias.

 

Fonte: Karina Robinson

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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