Bancos crescem sobre a explora‡Æo de banc rios

(Belém) Lucros recordes, grandes aquisições e atenção dos investidores internacionais. A situação das instituições financeiras do Brasil nunca esteve tão boa. Boa para os banqueiros, pois para os bancários a situação é inversamente proporcional. Dados divulgados pela própria Febraban, dia 10/05, revelam que entre 1994 e 2004 o número de empregados por agência diminuiu de 33 para 23. Mas o número de contas correntes aumentou fazendo com que o bancário que não foi demitido nos últimos dez anos seja responsável por 184 contas, número que era de 67 em 1993.

 

Para dar conta do trabalho extra e fugir das obrigações trabalhistas, as instituições brasileiras usam os correspondentes bancários, que se proliferam pelo país. O número saltou de 46.035 em 2004 para 69.546 no ano passado, com alta de 51,1%. Por outro lado, os bancos investiram pouco na expansão do número de agências, que aumentaram apenas 1,5% e totalizam 17.515 pontos de atendimento.

 

Márcio Cypriano, presidente da Febraban, explica a pouca expansão das agências, com os pesados investimentos que o setor faz em tecnologia bancária, de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano, que permitem o atendimento aos clientes por outros canais. Mas as grandes filas nas agências mostram que os investimentos em tecnologia devem ser somados a investimentos em contratação de mão-de-obra, pois grande número de clientes ainda não tem acesso às novas formas de tecnologia.  Apesar dos clientes com acesso à internet banking já somarem 26,3 milhões de pessoas, com aumento de 45,3% em relação a 2004.

 

Atenção internacional

O que vem atraindo a atenção de instituições financeiras internacionais que buscam melhorar seu posicionamento no mercado bancário brasileiro é a expansão que o setor vem tendo e sua alta lucratividade. Em 2005, o lucro líquido dos 127 bancos que respondem por 95,6% dos ativos totais do sistema totalizou R$ 65,47 bilhões, segundo os dados da Febraban. "O Brasil é o maior mercado da América Latina, e os estrangeiros têm interesse em investir no país", destaca Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração). Para o analista do Inepad, o retorno do investimento num banco brasileiro varia muito de caso a caso, mas, em média, o aplicador consegue recuperar o dinheiro investido num prazo médio dois anos.

 

O lucro dos bancos teve três destinações: distribuição aos acionistas (R$ 32,3 bilhões), distribuição de dividendos (R$ 8,2 bilhões) e reinvestimento (R$ 24,8 bilhões).  A rentabilidade sobre o patrimônio líquido dos grandes bancos tem, inclusive, superado a dos grandes bancos americanos. O que tem embalado o crescimento do setor é a expansão do crédito que, em 2005, cresceu 21,4% em relação a 2004, totalizando R$ 606,7 bilhões (incluídos os recursos livres, os direcionados e os do BNDES), segundo o balanço da Febraban.

 

O segmento que mais cresceu foi o de crédito à pessoa física, com alta de 37,5% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 190,4 bilhões em empréstimos. "Há um grande potencial de crescimento, pois o crédito corresponde a apenas 34% do PIB [Produto Interno Bruto], diz Cypriano. Outro filão em rápida expansão é o de cartões de crédito. O total de plásticos no mercado aumentou 29,5%, totalizando 68 milhões de cartões. E o valor das transações por meio de cartões chegou a R$129 bilhões, valor 25,2% superior ao de 2004. Já os cartões de débito totalizam 126 milhões.

 

Para o economista-chefe da Febraban, Roberto Luis Troster, o interesse dos estrangeiros no mercado brasileiro é um sinal de que os bancos do país são eficientes e têm potencial de gerar ganhos no futuro. "Ainda existe capacidade ociosa, com espaço para uma maior expansão do crédito e de serviços financeiros, como seguros e previdência complementar", diz

 

Para Raimundo Walter Júnior, presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá, a manutenção do crescimento dos bancos é importante, no entanto deve ter como contrapartida “novas contratações, investimentos na qualificação funcional que não tenham no assédio moral a sua principal ferramenta. Transferir as responsabilidades por serviços para os chamados correspondentes bancários tem sido um dos métodos utilizados pela ‘eficiência’ dos bancos brasileiros”.

Fonte: Seeb PA/AP

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