Começa 20ª Conferência Nacional dos Bancários

A 20ª Conferência Nacional dos Bancários começou, na noite desta sexta-feira (8), e vai até o próximo domingo (10), na Quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, em São Paulo. “Nós vivemos um momento bastante difícil. Estamos completando dois anos de golpe e a gente já alertava que o golpe não era contra o PT ou contra a Dilma, mas contra a classe trabalhadora, contra o Brasil e contra a democracia. É um golpe para governar esse país para os ricos” afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, ao lembrar que depois do golpe, os números do desemprego não pararam de crescer, assim como os números de pobreza e da miséria.

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Para a presidenta da Contraf-CUT, o Brasil está sofrendo um desmonte da sua riqueza. “Nós somos uma categoria que constrói as riquezas do país e não podemos ver tudo isso acontecer sem fazer nada. Por isso, temos de abrir a Conferência Nacional nos preparando para a luta, nos organizando para defendermos a manutenção dos direitos da categoria, defender também a classe trabalhadora, defender o povo brasileiro e defender os interesses do país. É por isso que as eleições são estratégicas nessa campanha. Nós não podemos fazer campanha só pensando no interesse corporativo, nós temos que fazer campanha pensando como reconquistamos a democracia, como acabamos com a miséria desse país.”

De acordo com Juvandia, é fundamental eleger um governo democrático e popular que pensa na maioria da população. “Ao contrário desses golpistas que tomaram conta do país. É isso que temos que dizer para a categoria, temos que politizar nossa campanha e mostrar que as eleições são fundamentais para o futuro desse país. Nós temos que apontar aos bancários que temos de eleger deputados e senadores comprometidos com nossa pauta. Não adianta fazer campanha nacional pensando no próprio umbigo, nós não vamos conseguir garantir o futuro dos bancários se não vencermos a eleição. Nós precisamos dizer que não é esse país que a gente quer, que governa para apenas 1% da população. Nós queremos um governo que governe para os 100% da população, pois somos os 99% que não detém as riquezas, mas também temos direitos nesse país.”

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do Comando Nacional, exaltou o momento histórico da categoria ao fazer a Conferencia Nacional na quadra dos bancários, um local que já recebeu atos tão importantes. “A Conferência faz a abertura de todas as nossas negociações da Campanha Nacional. Ela é também um ótimo ato de democracia. Fazemos o debate com todas nossas divergências e, conseguimos, apesar delas, sempre fechar uma campanha nacional. Para isso, ultrapassamos as nossas diferenças e conseguimos que o Comando faça sempre o melhor para a categoria bancária.”

Segundo Ivone, a categoria fará história mais um ano ao fechar a nossa 27ª Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). “Quando entregamos a minuta na mesa de negociação, ela irá muito além da nossa categoria. Nós fazemos o debate de gênero, cotas raciais dentro dos bancos e, também, o debate pelo salário digno para o trabalhador. O aumento que o trabalhador tem todo o ano injeta bilhões de reais na economia do país.

O secretário geral da CUT, Sergio Nobre, lembrou que a CUT nasceu há mais de 30 anos ao afirmar que as lutas específicas das categorias por salário são muito importantes, mas que é fundamental que elas estejam integradas à luta social mais ampla. “Não dá para fazer uma campanha salarial esse ano e esquecer do desmonte dos direitos trabalhistas, das empresas públicas e dos bancos públicos e dos prejuízos que isso traz para a classe trabalhadora”, disse. Sergio Nobre lembrou ainda da importância da união da classe trabalhadora. “Outras categorias estarão em campanha neste segundo semestre. Teremos que nos unir para lutar contra esse golpe e dar uma basta. Basta ao desemprego, basta à exclusão social”, conclamou.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Jair Pedro Ferreira, lembrou que toda campanha é muito difícil, mas, para ele a campanha deste ano será o momento da virada. Estou muito otimista. No último período a sociedade recuperou a capacidade de observar os movimentos que acontecem na sociedade. Com certeza teremos uma campanha digna de nossa categoria, que tem uma grande capacidade de mobilização e de luta”, disse o presidente da Fenae.

Jair também afirmou que, no momento em que as empresas e os bancos púbicos estão sendo atacados, a categoria precisa mostrar para a população a importância das empresas públicas. “Sem os bancos públicos não existirá mais o Minha Casa, Minha Vida e outros tantos programas sociais do governo. A população precisa entender isso e os bancários também. Esse é o momento de nos reinventar e irmos para as ruas defender as empresas públicas e nossos direitos”.

Para Adriana Nalesso, presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e representante da Articulação Bancária, a 20ª Conferência Nacional acontece em um momento totalmente diferente. “É um momento de reflexão, porque esse momento exige de cada um de nós muita sabedoria e muita tranquilidade. Esse é um momento de grandes desafios para a classe trabalhadora. Isso torna este ano fundamental, fundamental para nós nos reinventarmos, fundamental para nós dialogarmos com a sociedade, pois não é este modelo econômico que o golpe nos impôs que nós trabalhadores defendemos. O modelo que nós trabalhadores temos de defender é um modelo de desenvolvimento, é um modelo com empresas estatais fortes, que são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil.”

Hermelino Neto, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), afirmou que o Brasil está vivendo um momento de ataque às estatais e às conquistas implementadas no país após o governo Lula e Dilma e que é preciso que a categoria bancária esteja preparada para enfrentar duas batalhas: a eleitoral e a salarial. “Nós temos de ter compreensão que a batalha eleitoral é extremamente importante para todos os trabalhadores, pois, se nós formos derrotados em outubro, certamente o golpe será consolidado. A emenda constitucional 95, que colocou a questão do teto dos gastos, levou a saúde, educação, infraestrutura, segurança para uma questão de caos no nosso país. No processo eleitoral, é importante lançar candidatos para disputar os espaços. Esses espaços são nossos e nós temos que fazer parte dele e alterar essa situação. Nós temos que empolgar a base, trazer a militância, dizer que o golpe foi pra valer e se os bancários não se envolverem nessa luta, a partir de 1 setembro, vamos perder tudo o que conquistamos.”

Para Edson Carneiro da Silva (Índio), secretário-geral da Intersindical, a Conferência Nacional e a Campanha Salarial acontecem no momento mais difícil do nosso país, na qual o desafio é barrar o golpe, revogar a reforma trabalhista, a terceirização, todos os retrocessos e garantir eleições livres para que possa ser decidido o rumo do país. “Precisamos impedir o desmonte da nossa Convenção Coletiva de Trabalho, politizar o processo e levar a categoria a refletir sobre o que está acontecendo. É fundamental a participação popular e a disposição de luta da classe trabalhadora na derrota do golpe, no reestabelecimento da democracia e no combate as desigualdades. É isso que o povo espera da nossa organização e essa Conferência vai nos armar para o próximo período.”

Nilton Esperança, presidente da Fetrafi RJ-ES e representante do Fórum, enalteceu a importância do evento. “Nós temos que politizar esta Conferência, pois temos de levar para os bancários o momento antidemocrático que o Brasil enfrenta atualmente. Nós devemos colocar aos bancários como as próximas eleições são importantes. Não adianta eleger presidente e não eleger deputados e senadores, até porque foi o Congresso que aprovou o Impeachment e a reforma trabalhista. Precisamos dos bancários na nossa campanha. Espero sair daqui com uma minuta pronta para termos uma campanha vitoriosa.”

A presidenta do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região, Ana Stela Alves de Lima, ressaltou a necessidade da unidade da categoria para superar o atual momento político. “Esse público espelha uma categoria vitoriosa. Nós da Feeb-MS/SP, da Unidade Sindical, estamos aqui para juntar forças para eleger um congresso mais progressista, governantes comprometidos com a classe trabalhadora. A Contraf e todo o Comando Nacional pode contar conosco. Pensando diferente, ou não, estamos aqui para somar forças na luta em defesa de tudo aquilo que for do interesse dos trabalhadores”.

Representando a CUT Socialista e Democrática (CSD), Marco Aurélio Silveira Silvano, presidente do Seeb/Florianópolis fez referência ao 5º. Congresso da Contraf-CUT e à eleição da Juvandia. “Naquele momento a direita estava tentando transformar Curitiba no centro do mundo. Mas, ao invés disso São Bernardo foi transformado no centro do mundo. Aquele foi um exemplo que mostra que não há como pensar em uma campanha vitoriosa se não estivermos juntos com o conjunto da classe trabalhadora, com todos os movimentos populares e todos aqueles que estão querendo Lula Livre”.

Carlos Pereira de Araújo, diretor do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical, concorda que é um momento singular da história da classe trabalhadora brasileira. “Essa Campanha Nacional possivelmente é a mais complexa dos últimos 70 anos. A tal da crise econômica do capital, que há tanto tempo é discutida, entrou num novo ciclo. Nós estamos na mão de 1% do Brasil que detém as maiores riquezas do país e controlam todas as forças. Aqui a gente precisa dar um salto e convencer os bancários a fazer greve. Se nós não convencermos os bancários a fazer greve, será o fim da categoria. Nós temos também que debater o projeto que queremos como a classe trabalhadora e, para isso, é fundamental que as centrais sindicais se unam em torno de uma plataforma única e é fundamental que a democracia seja reconquistada.”

De acordo com Ivania Pereira Silva Telles, vice-presidenta da CTB, a receita para resistir num cenário de ameaças e rupturas é a unidade. “Os direitos dos trabalhadores de ir e vir, de terem dignidade, se alimentar, moradia digna, estão ameaçados. As centrais sindicais têm indicado o caminho da união e a CTB está comprometida. Por isso, nesse momento de reafirmação da luta, nós precisamos afirmar que a única alternativa para o povo reagir são as mobilizações e as ruas. Não há salvação da nossa classe sem luta organizada nas ruas.”

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