Especialistas falam sobre Câncer de Próstata e Discriminação em Teresina

O Sindicato dos Bancários do Piauí realizou no dia 17/11, no Auditório Regina Sousa, a segunda edição do Novembro Azul Bancário – Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata – que este ano contou com as palestras de Halda Regina, Coordenadora Estadual de Políticas para Mulheres, bem como do urologista Vilson de Moura Bezerra.

Pelo segundo ano consecutivo, o SEEBF-PI promove esta campanha de fundamental importância em defesa da saúde do homem e o sindicato abraça essa corrente mundial de solidariedade e alerta em relação à prevenção e combate a esta doença.

Na abertura do evento, o presidente do sindicato, Arimatea Passos, agradeceu a presença de todos e destacou a importância de “estamos em alerta durante todo o ano, mas novembro marca um mês simbólico de conscientização e combate a este tipo de câncer que assusta milhares de homens todo o ano”.

Ele explica que quando descoberto precocemente, a doença tem 90% de chances de cura. Arimatea conta que o sindicato cumpre seu papel de promover esse tipo de discussão como forma de esclarece e tirar as dúvidas dos bancários sobre o tema.

Na oportunidade, o presidente fez o lançamento, em Teresina, da campanha nacional contra discriminação que este ano traz o tema: “Não precisa ser para sentir”, que objetiva o combate a qualquer forma de discriminação contra mulheres, negros, pessoas com deficiência e comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT)

“A classe bancária, por meio da Contraf-CUT, federações e sindicatos em todo o país, levanta a bandeira do respeito e igualdade, combatendo toda e qualquer forma de preconceito, seja no ambiente de trabalho ou em todas as esferas da sociedade”, enfatizou Arimatea Passos encerrando sua saudação aos bancários presentes.

Os diretores Roger Marinho, Fabiana Bezerra e Robert Mendes coordenaram a primeira mesa do evento que teve a palestrante Halda Regina como convidada. Ela falou sobre “Discriminação: uma violência a ser vencida”.

Halda fez uma explanação sobre os tipos de preconceitos, as diferenças e como identificar os relacionamentos, particularizando as pluralidades culturais. “Somos todos iguais como seres humanos. Não podemos violar o ser humano”, diz, acrescentando que pela discriminação que se vê claramente no dia-a-dia, passa pela relação de poder. “E somos nós que criamos essa relação de poder. O homem cria essa relação criando paradigma que ele é o poder, o ser branco, hétero e masculino”, pondera.

Taxativa, ela informa que o Estado cria a estrutura de poder que tem criado “para que as pessoas pensem que é desta forma”, observa a coordenadora assegurando que a sociedade consegue ver essa desigualdade no cotidiano.

Em sua explanação no que diz respeito a violência contra a mulher, Halda fez referência aos quatro casos de estupros coletivos registrados no Piauí, sendo o Estado que apresentou o maior número até o presente momento. “O quadro é negativo em relação às mulheres e em se tratando de violência doméstica, a maior incidência ocorre na zona Leste de Teresina, onde está concentrada a maioria das bliteze”.

De acordo com o levantamento feito pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da UFRJ sobre o “Mapa da População Negra e Parda no Brasil”, 71% da população de Teresina é negra ou parda e “esse racismo provoca a baixa-estima das pessoas”, revela Halda Regina dizendo que sofrem as crianças, os gays, travestis e trans.

Ela esclarece, ainda, que quanto identidade de gênero, a homofobia está muito presente na vida das pessoas, “afinal, não é fácil de ser encarada pela sociedade porque a sexualidade choca, mas tudo começa com a orientação em casa com os filhos”, finaliza Halda.

Em seguida, Enio Carvalho, acadêmico de Medicina e membro da Liga Acadêmica de Urologia da Universidade Federal do Piauí, apresentou um panorama sobre a campanha Novembro Azul no Piauí. Ele explicou o desenvolvimento dos trabalhos como forma de esclarecer o que tem sido feito para tirar as dúvidas da população quanto ao assunto.

Para concluir o evento, a segunda mesa coordenada pelos diretores Francisco Reis e Francisca de Assis, trouxe o médico Vilson Bezerra, formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, com residência em Urologia pelo Hospital das Clínicas, que fez uma palestra sobre câncer de próstata, esclarecendo sobre as funções no organismo masculino e as doenças da próstata. “A Prostatite, que é a inflamação na próstata, atinge hoje 2% da população masculina; o Câncer, 18%, e a Hiperplasia Nodosa, que é o crescimento da próstata, atinge 80%”.

O especialista revela que 25% dos portadores de câncer de próstata morrem devido à doença e “a cada sete minutos, um homem é diagnosticado com Câncer de Próstata”, lamenta Vilson, mencionando que quanto aos fatores de risco racial, a maior incidência é na raça negra e a menor, na oriental. “O diagnóstico precoce está relacionado à maior possibilidade de controle oncológico”.

Quanto ao momento de procurar o médico para se consultar, Vilson diz que segundo a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é aos 45 anos para os homens com história de Câncer de Próstata na família ou para os negros, e aos 50 anos para aqueles sem antecedentes familiares.

Sobre a iniciativa do SEEBF-PI de promover esta discussão junto aos bancários, o médico acredita ser de extrema relevância, “até porque a incidência do Câncer de Próstata é absurda, é o principal câncer masculino, é a segunda causa de óbito por câncer, então, é um assunto que deve ser abordado e levado para comunidade”, diz.

Vilson conta que em relação ao exame de toque retal, “o paciente não deve temer ir ao médico por achar que é obrigado a fazer o exame, pois ele pode se recusar, mas obviamente a orientação é que se faça o exame, além do PSA, do exame de toque porque somados, esses exames têm uma precisão e identificam melhor o paciente que tem uma suspeita ou não de câncer”, enfatiza o médico, mencionando que é estimado que até 20% dos pacientes que têm Câncer de Próstata, o toque é que levanta essa suspeita, mesmo esses pacientes apresentando PSA normal.

Para finalizar, Vilson Bezerra chegou a comentar sobre os tratamentos – tanto para os tipos agressivos ou pouco agressivos – bem como os tipos de cirurgias, e afirma que o exame de toque é indolor, rápido, barato e está incluso na consulta médica. “E dá informações extremamente relevantes para o médico ter o raciocínio clínico”.

Após a apresentação do urologista, Francisco das Chagas, o Chicão, membro do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Piauí (Sinte-PI), deu seu depoimento de que no evento do ano passado no SEEBF-PI despertou o interesse em fazer o exame que depois de repetido e feita a biopsia, acusou a existência de Câncer de Próstata. “Mesmo não sentindo nada e o médico dizendo que passando dez anos, poderia não acontecer nada, resolvi falar com meus filhos e irmãos, e decidi fazer a cirurgia”, relata, comentando que a mesma foi bem sucedida e hoje aconselha a todos os homens que procurem fazer a consulta.

O vice-presidente do SEEBF-PI, Odaly Medeiros, também dividiu com o público sua experiência de ter feito o exame que mostrou uma alteração no PSA. “Só depois de repetir o exame e ficar esperando por mais de vinte dias o resultado, o médico me disse que não tinha nada. E isso foi um alívio para mim”, conclui o sindicalista.

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