Jornada Continental define ações em defesa da democracia e contra o neoliberalismo

Mais de 2800 pessoas de todos os países das américas se reuniram entre os dias 16 e 18 de novembro, em Montevidéu, no Uruguai, na II Jornada Continental pela Democracia e Contra o neoliberalismo. A soberania das nações, a integração dos povos e a resistência ao livre comércio e às transnacionais também estiveram em pauta da atividade, que contou com a participação de várias entidades sindicais filiadas à Central única dos Trabalhadores (CUT).

A Jornada começou na quinta-feira, com uma grande marcha pelas ruas de Montevidéu, organizada pela central sindical uruguaia (PIT-CNT) e também Central Sindcial das Américas (CSA) e diversas outras entidades sindicais e movimentos sociais, com o objetivo de mobilizar os povos para a defesa da democracia, atualmente ameaçada em vários países da América do Sul.

“Com o avanço do neoliberalismo, a retirada de direitos trabalhistas e a pressão por tratados de livre comércio de nova geração é uma triste constatação em todo o continente. Juntamos trabalhadores de 23 países para trocar experiências e nos organizarmos para combater a onda de ‘reformas’ que nos prejudica e beneficia apenas os empresários. Estas ‘reformas’ servem apenas para aumentar, ainda mais, a concentração de renda nas mãos da pequena parcela mais rica de nossas populações, enquanto a grande maioria sobrevive em péssimas condições de vida”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT. “Todos reafirmaram a disposição para lutar pela mudança dessa realidade e pela construção de um novo mundo, onde haja fraternidade, justiça e igualdade de oportunidades”, completou o presidente da Contraf-CUT.

No primeiro, dos 29 pontos da “Declaração de Montevidéu”, aprovada ao final da Jornada, os trabalhadores afirmam que “os movimentos, organizações sociais e diversas expressões do campo popular das américas, herdeiros protagonistas das lutas contra o imperialismo e os regimes militares na América Latina e no Caribe, nos levantamos contra a agenda neocolonial de livre comércio, privatização, saque e pobreza representada pelo derrotado projeto da ALCA, reafirmamos os princípios de solidariedade e internacionalismo que nos unem, assim como o compromisso de seguir lutando por uma transformação sistêmica contra o capitalismo, o patriarcado, o colonialismo e o racismo”. (leia o documento na íntegra – em espanhol).

Ao final, os trabalhadores convocaram os demais atores sociais do continente que não estavam presentes na Jornada para construírem uma estratégia conjunta de fortalecimento da mobilização popular em toda a região e já definiram sete momentos de luta. A primeira ação proposta é o repúdio à Conferência Ministerial da OMC, que será realizada em Buenos Aires (Argentina), em dezembro de 2017.

As demais datas são em 2018: 8 de março (Dia Internacional da Mulher); Fórum Mundial Alternativo das Água, que acontecerá em março, em Brasília; 1º de maio (Dia do Trabalhador); denunciar a realização da Conferência das Américas, que será realizada em Lima (Peru), em junho; a Conferência do G20, que será realizada no segundo semestre, na Argentina; e, entre 19 e 25 de novembro, mobilizações reivindicando os pontos da Declaração de Montevidéu, “como expressão da ação de nossos povos em Defensa da Democracia e Contra o Neoliberalismo”.

“O encontro foi muito importante. Pudemos ver mais claramente que a direita e o neoliberalismo avançam em todo o mundo. Entre outras coisas, buscam a retirada de direitos dos trabalhadores, tentam transformar a saúde, a água, a educação e a energia em mercadoria e querem que os governos sejam subjugados pelas empresas transnacionais e pelo capital financeiro”, observou Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT. “Também ficou claro o quanto é importante a articulação dos trabalhadores para combater os ataques que estão sofrendo”, completou.

 

 

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