Paraná é o terceiro no ranking de demissões de bancários e adesão à greve aumenta

Completando 22 dias de greve, nesta terça-feira (27), os bancários do Paraná já totalizam 87% de adesão. São 21 mil trabalhadores paralisados em 842 agências e 11 centros administrativos fechados. O levantamento da greve é feito diariamente pela Federação dos Trabalhadores de Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) que representa mais de dois terços do total de bancários do estado.

O destaque desta semana tem sido Curitiba e Região Metropolitana, com novas adesões diárias ao movimento grevista. Na capital e região, há 385 agências fechadas e cerca de 16 mil funcionários paralisados e indignados com o descaso dos banqueiros.

Somente no Paraná, no primeiro semestre deste ano, houve corte de 645 postos de trabalho, a maior parte de pessoas próximas à aposentadoria. Os bancos lucraram quase R$ 30 bilhões nos primeiros meses de 2016. A Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) é feita com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) atendeu ao pedido da categoria e volta a negociar com o Comando Nacional, nesta tarde, em São Paulo. Até o momento, eles se negam a sequer repor as perdas inflacionárias. O lucro dos bancos (R$ 70 bilhões, em 2015) é maior que a somatória de todo o setor produtivo brasileiro como, por exemplo, indústria, comércio, serviços e agropecuária.

O presidente da FETEC-CUT-PR, Júnior César Dias, participa das negociações com a Fenaban, mas não está muito otimista. Para ele, pelo comportamento dos banqueiros nas últimas reuniões, eles estão bastante imbuídos no propósito de não chegar nem ao índice da inflação e qualquer avanço só se dará com uma greve ainda mais forte. Os representantes dos trabalhadores dos  bancos públicos não foram chamados pela Fenaban para negociar as pautas específicas, como de praxe. E, isso, foi encarado pelos bancários como mau sinal.

“Esperamos que os representantes dos bancos venham negociar com seriedade, sem proposta esdrúxula de novo. Nosso limite mínimo a ser conquistado é a nossa minuta. Não vamos aceitar imposição de achatamento salarial. Somos a categoria mais organizada, a única no Brasil que tem convenção coletiva de trabalho com piso nacional e que ainda não fechou acordo, mesmo sendo do segmento que mais tem lucro no país”, observou Dias.

Para o dirigente sindical, a sociedade aguarda com expectativa as negociações dos bancários, não somente pelos transtornos da greve, mas principalmente pela intenção de setores empresariais, representados pela maioria dos políticos no Congresso, em implantar uma agenda de retirada de direitos trabalhistas, achatamento dos salários e precarização total dos empregos, com foco nas terceirizações irrestritas.

“Existe um acordo com os setores que bancaram o golpe e conseguiram, de forma indireta, colocar um presidente comprometido com a implantação de seus reais interesses, que é a retirada de direitos trabalhistas ao custo de aumento da margem de lucros para poucos. Nós estamos no olho do furacão: quebrando a espinha dorsal dos bancários, cria-se precedentes para se implementar quaisquer acordos e regras lesivas a todos os trabalhadores”, alertou Dias.

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