Suspensa venda de a‡äes da Nossa Caixa

(São Paulo) A Nossa Caixa S.A. divulga, nesta quarta-feira, por meio da publicação de Fato Relevante, o cancelamento da venda de 20% das ações do banco estadual. A suspensão foi anunciada ontem pelo governador de SP, Cláudio Lembo, durante reunião com o governador eleito ao estado, José Serra.

 

Embora a grande imprensa especule um possível pedido de José Serra neste sentido, a história recente não deixa dúvidas de que o cancelamento só foi concretizado em virtude de prováveis desdobramentos de diversas irregularidades constatadas na abertura de capital da Nossa Caixa, as quais trouxeram à tona as reais intenções da administração tucana no estado de SP.

 

“Por ocasião da aprovação do projeto que autorizou a constituição de parcerias estratégicas na Nossa Caixa, o então governador, Geraldo Alckmin dizia que seria uma maneira de fortalecer o banco, de capitalizá-lo e ampliar sua atuação no estado. De lá para cá, foram criadas três subsidiárias do banco paulista, das três tentativas de privatização, duas foram barradas pelo movimento sindical cutista, a Nossa Caixa Cartões e a Nossa Caixa Capitalizações, e a terceira concretizada, a da Nossa Caixa Seguro e Previdência, que fora vendida em maio de 2005 para a Mapfre Vera Cruz Seguradora por R$ 225,8 milhões”, relata o diretor de Bancos Estaduais da FETEC/CUT-SP, Elias Maalouf ao recordar irregularidades constatadas no processo, inclusive com reconhecimento da Justiça. “Diante dos indícios de malversação de dinheiro público, o juiz determinou ao Banco Central o levantamento da origem do montante utilizado pela Mapfre para arrematar a subsidiária”.

 

De acordo com o dirigente, outras questões colocam em xeque a lisura dessa privatização, como por exemplo a participação do ex-Secretário de Ciência e Tecnologia do governo tucano na época, e atual membro do PED, Programa Estadual de Privatização, Ruy Martins Altenfelder, no Conselho de administração da Mapfre, além da insuficiência de ativos da empresa para se pré-qualificar ao leilão de privatização, conforme apontado pela SUSEP. “Mesmo assim, o banco concretizou o leilão, entregando a subsidiária à seguradora de origem espanhola”, conta Maalouf.

 

Em relação à primeira venda das ações, o diretor da FETEC SP aponta que 70% das ações vendidas foram para capital estrangeiro e todos os recursos arrecadados foram destinados ao Tesouro Estadual. “A prometida capitalização do banco não ocorreu e muito menos houve benefícios para a sociedade, posteriormente Cláudio Lembo pretendia vender mais um fatia do banco para fechar as contas do estado e evitar enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal frente ao rombo de R$ 1,2 bilhão registrado nos cofres estaduais, o que comprova que a real intenção é entregar o banco para a iniciativa privada" complementa Maalouf.

 

Fonte: Lucimar Cruz Beraldo – Fetec SP

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